Setor têxtil tem 800 toneladas de itens nas estradas
Caso a greve dos caminhoneiros continue, algumas empresas podem paralisar as atividades
Mais de 800 toneladas de insumos e mercadorias para a indústria têxtil estão paradas em meio às rodovias brasileiras e o Porto do Pecém, segundo estimativa do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem em Geral do Ceará (Sinditêxtil). Caso a paralisação dos caminhoneiros no País continue nesta semana, algumas empresas poderão chegar a paralisar as atividades, segundo a presidente do Sinditêxtil, Kelly Whitehurst.
Ela explica que um dia de produção paralisada representa quilômetros de tecidos parados, principalmente nas unidades que operam 24 horas por dia, e que não há como estimar quanto tempo seria necessário para retomar a normalidade das operações. "Essa movimentação tem atrapalhado, inclusive, o faturamento das indústrias, que não conseguem enviar as mercadorias às confecções", lamenta a presidente.
Confecções
Já a produção do setor de confecções do Estado ainda não foi impactada pela movimentação por ter estoque de insumos suficiente para garantir o ritmo da fabricação por mais 20 dias, segundo Elano Guilherme, presidente do Sindicato das Indústrias de Confecção de Roupas e Chapéus de Senhora no Estado (Sindconfecções). Ainda assim, ele relata que encomendas das empresas estão atrasadas ou sequer têm previsão.
A preocupação se dá pela continuidade da greve, já que 90% da matéria-prima utilizada para a fabricação de moda íntima no Ceará, como tecidos e aviamentos, são adquiridos nos estados do Sul e Sudeste, segundo Guilherme. "Por enquanto, ainda temos uma produção garantida porque antecipamos as compras. Mas temos sentido a preocupação de a greve continuar e os insumos não chegarem", aponta o presidente,
O receio do segmento de confecções, em especial de moda íntima, também se dá pela possibilidade da falta de combustível no Aeroporto de Fortaleza, já que todos os dias há cargas de confecções nos porões de aeronaves para venda no mercado nacional e externo. "O que temos ouvido é que o Aeroporto tem combustível para um ou dois dias, e isso é preocupante".
Ele ressalta ainda ser favorável ao movimento dos caminhoneiros por entender que os empresários do segmento não aguentam mais qualquer tipo de aumento de despesas e pelo grande impacto do frete na composição de valores dos produtos do setor. "Entendemos a importância desse movimento, porque também não aguentamos pagar tanto imposto", reforça.